terça-feira, 19 de setembro de 2023

 

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

NUCLEO DE GRAD. EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM  CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

 


 

Discente: Leninaldo Ferreira da Cruz Júnior

 

Referencia bibliográfica: VIGIL, José Maria. Teologia do pluralismo religioso: para uma leitura pluralista do cristianismo. São Paulo: Paulus, 2006

 

 

A diversidade religiosa é algo intrínseco ao ser humano e sempre esteve presente ao longo de sua história, porém, foi apenas nas últimas décadas que essa pluralidade religiosa entrou em evidência, devido ao acelerado processo de globalização que atingir a sociedade atual e provoca um choque entre culturas distintas. A ocidentalização da cultura e religião imposta pela Europa cristã ao mundo passa hoje por um movimento reverso de desocidentalização, ou seja, a globalização pôs em evidência a diversidade religiosa existente. E praticamente obrigou a teologia cristã a reacender o debate sobre o pluralismo religioso, debate esse, que já existia desde os primórdios do cristianismo. Contudo, agora se faz presente dentro de um novo contexto, onde a sociedade adquiriu uma consciência coletiva de tolerância e respeito mútuo entre as religiões. Globalizar sugere o oposto de dividir, marginalizar, ou mesmo excluir, essa noção nova de sociedade integrada reflete diretamente na forma de se encara o contraditório e diferente. No mundo hoje não existe espaço para uma teologia segregadora com relação às outras religiões. “O pluralismo religioso não é um tema simplesmente teórico nascido das especulações de intelectuais que o estejam querendo transmitir à sociedade” (VIGIL, 2006, p. 16). Mas sim o anseio da sociedade atual, em buscar o diálogo racional entre as religiões.

A teologia precisa abrir seu leque de abordagem para além da sua própria religião, revendo algumas convicções sem perde sua essência. Para isso terá que “articular e combinar os elementos da fé a partir de bases novas” (VIGIL, 2006, p. 15), partindo da igualdade e não mais da superioridade entre as crenças religiosas. É preciso pensar em uma nova forma de viver a religião, que consiga atenuar rivalidades e preconceitos históricos, só assim é possível conviver de maneira harmônica em uma sociedade pluricultural.

 

As novas sociedades provocam um transformação que supõe uma “verdadeira revolução na consciência religiosa da humanidade; estamos vivendo um momento da história no qual o acesso às diferentes religiões tem uma amplitude e uma profundidade sem precedentes”. (VIGIL, 2006, p. 16)

 

O avanço tecnológico encurtou as distâncias integrando as pessoas ao mundo, a facilidade de acesso à informação despertou a curiosidade por outras culturas, as novas mídias sociais promovem a interação das pessoas de diferentes países, somado a isso temos os fluxos migratórios que ampliam ainda mais a diversidade religiosa dentro do mesmo país. Visões distintas de mundo, valores até então inquestionáveis são confrontados com outros valores e normas. Novas perspectivas surgem a todo o momento, a filosofia ocidental até então hegemônica, se converte a apenas uma entre tantas outras.

 

Diante de uma realidade marcada pelo pluralismo religioso, não pode ser promissora, com efeito, uma reflexão teológica a partir de um discurso ‘sobre os outros’. Pois se o princípio da contextualização e do método teológico interpretativo é aplicado seriamente à realidade religiosa do mundo, compreendesse imediatamente que a teologia das religiões não pode ser vista simplesmente como um novo assunto ou sujeito sobre o qual se deve refletir teologicamente. (VIGIL, 2006, p. 18)

 

              

            O grande desafio da chamada “teologia das religiões” é conseguir fazer uma reflexão teológica neste novo cenário de pluralismo, como interpreta o sentido da diversidade religiosa sobre a luz da revelação cristã. É preciso criar um novo jeito de fazer teologia que tenha com marco inicial o dialogo, pois só compreendendo a religiosidade do outro, será possível entender a essência da pregação de cristo. Tudo isso é um fato novo, pois “a história da qual viemos é de milênios de atitudes contrárias ao pluralismo” (VIGIL, 2006, p. 18). A aceitação o respeito e a tolerância fazem parte hoje da consciência coletiva das pessoas, o pluralismo religioso é uma realidade da contemporânea, que lança desafios sobre os alicerces da fé cristã.

 

Nesta cultura, já não se admitem pretensões absolutistas, totalitárias e nenhuma forma de dogmatismo, seja em relação à religião ou em qualquer outro sistema que queira possuir o monopólio da verdade. (VIGIL, 2006, p. 19)

 

 

Devido a isso, faz-se necessário reconhecer o valor do pluralismo e a riqueza da diversidade religiosa, só assim é possível superar o autoritarismo dogmático, abrindo-se ao diálogo. O cristianismo precisa encontra um ponto de equilíbrio entre a revelação cristã e a existência das outras religiões.

 

Embora as religiões se caracterizem por sua função salvífica e humanizante, é conhecida pelo mundo afora a ocorrência de grandes conflitos justificados com motivações de ordem religiosa pelos mais diversos interesses. (VIGIL, 2006, p. 20)

 

            A violência sempre esteve presente nas práticas religiosas, no entanto, essa não é a essência da religião, o que move a religião é a convivência harmônica entre as pessoas que a praticam, a história tem mostrado o papel importante que a religião desempenha na sociedade, promovendo à ética, moral e empatia pelas pessoas. Porém ao tentar ironizar ou diminuir a religião alheia, se cria obstáculos para se estabelecer o diálogo. Portanto o principal desafio da religião é superação da violência e a construção de uma cultura de paz na sociedade. Para isso é preciso construir um teologia do dialogo “onde intervém a dimensão espiritual e a experiência interior que comporta todas as religiões” (VIGIL, 2006, p.39 ). Onde a intimidade com a transcendente se sobressaia a qualquer forma de dogmatismo e indiferentismo, relativizando a religião e enfatizando a experiência pessoal com o mistério do divino.

 

Referências bibliográficas:

 VIGIL, José Maria. Teologia do pluralismo religioso: para uma leitura pluralista do cristianismo. São Paulo: Paulus, 2006


<https://www.youtube.com/watch?v=-UUB5DW_mnM&feature=youtu.be> Acesso em dia 11 de maio às 22:30

<https://www.youtube.com/watch?v=WLYZmfJXEDY&feature=youtu.be> Acesso em 11 de maio às 21:00

terça-feira, 3 de setembro de 2019


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
NUCLEO DE GRAD. EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM  CIÊNCIAS DA RELIGIÃO


Desafios e perspectivas para o ecumenismo em uma sociedade marcada pelo individualismo

A primeira tentativa de estabelecer um diálogo inter-religioso começou ainda na segunda metade do século XIX organizada pela igreja Anglicana, depois surge à mesma ideia nas Igrejas reformadas, metodistas, batistas e luteranas. Esse movimento tinha o objetivo de promover a fraternidade e o respeito entre as igrejas cristãs, dentro do universo protestante. A igreja católica nesse primeiro momento não participa dessa tentativa ecumênica e reafirma sua hegemonia no Concílio vaticano I. Contudo a semente já havia sido plantada no meio cristão e durante o século XX principalmente na segunda metade, falar de ecumenismo se tornou quase um pensamento comum entre as igrejas cristãs. Sabendo disso, o Papa João XXIII inaugura uma mudança bastante significativa dentro da Igreja Católica, durante o Concílio Vaticano II abriu a igreja para o mundo e propôs o diálogo com outras religiões cristãs e também não-cristãs. Contudo o que parecia um movimento em ascensão em direção da tolerância e do respeito à diversidade religiosa, estagnou e não parece ter uma solução possível no horizonte próximo. Para compreender o aconteceu e o porquê desse diálogo entre as religiões não ter prosperado é preciso volta no tempo e entender os fenômenos que influenciaram o atual contexto da nossa sociedade.
A segunda metade do século XIX foi marcada pela ascensão do pensamento positivista, somado ao grande desenvolvimento científico e tecnológico que passou a sociedade no século XX. Reduzindo-se as distâncias, deixando o mundo mais dinâmico e globalizado. O acesso ao conhecimento que antes era limitado e pertencente a alguns poucos privilegiados passou a ser muito mais fácil e rápido, em questão de segundos qualquer pessoa pode ter acesso a uma infinidade de informações. Muitos chegaram a afirmar que a religião iria se extinguir totalmente da vida das pessoas, pois a ciência iria substituí-la. Porém o que aconteceu foi o contrário a globalização levou para o Oriente Médio e Ásia o cristianismo, mais também trouxe para o ocidente uma infinidade de crenças religiosas como: Islamismo, hinduísmo, budismo, taoísmo. Muitas delas com dezenas de milhões de seguidores e ganhando cada vez mais adeptos em todo mundo e com valores éticos e morais que se assemelham muito com os valores das religiões judaico-cristãs.
Somado a isso, temos a doutrina liberal que até o século XVIII estava relacionada muito mais a economia, passou no século XX a pregar um liberalismo religioso, político, moral, intelectual, sexual. Liberando as pessoas dos valores tradicionais pregado nas religiões, e libertando-as para seguirem e praticarem o que quiserem, quando e onde como quiserem. Tudo isso fez com que as pessoas chegassem ao século XXI extremante individualistas. O individualismo das pessoas está diretamente ligado ao progresso, quanto mais desenvolvido é um país, mais individualista é seu povo. As sociedades tradicionais ainda cultivam uma cultura de bem estar coletivo, ainda sentem empatia uns pelos outros. Hoje as pessoas estão vivendo em pequenas bolhas de isolamento e dentro das religiões não é diferente, quando alguém discorda de algo na sua religião, é só sair e abrir a sua própria igreja, uma atitude individualista que não respeita nenhuma hierarquia nem tradição.
O ecumenismo se opõe a quem defende uma verdade exclusiva, porém é justamente isso que defende a maioria das igrejas cristãs. Exclusivismo nada mais é que um “individualismo coletivo” dentro de pequeno universo religioso que professa a mesma fé. Vivemos em um mundo cheio de situações adversas, guerras constantes, violência, fome, falta de água, desemprego, preconceito, desigualdade social. Tudo isso agridem violentamente a dignidade humana e é gerado pelo egocentrismo e um individualismo exacerbado que domina a nossa sociedade. A união de homens e mulheres de culturas e etnias diferentes em busca de um mundo melhor para todos, já seria motivo suficiente para a união das religiões. É muito comum nos dias de hoje se falar em macro-ecumenismo, ou seja, um movimento mais abrangente em direção à paz, que tem como objetivo a tolerância e a união entre diversas religiões como: cristãos, budistas, hinduístas, judeus, muçulmanos, etc. Contudo é muito difícil acreditar nessa união, pois para isso todas deveria abrir mão de uma verdade absoluta e única. 
A maioria dos cristãos tem medo que ecumenismo relativizar demais sua fé, afastando-os do ensinamento bíblico. Para muitos o discurso ecumênico de unir todas as religiões, afirmando que a doutrina divide enquanto o amor une é conversa fiada, chamam de ideologia do unionismo, onde não se deve contestar, polarizar nem dividir. Mas sim unir, acomodar, evitar discórdia em busca de se construir uma ética planetária, contudo muitos acusam esse macro-ecumenismo de ser uma invenção humana, totalmente divergente da vontade de Deus e do texto bíblico. Segundo estes cristãos o amor pelo próximo não pode ser substituto da verdade bíblica e, portanto, não se deve anular a doutrina em nome da tolerância. A ideia de não existir uma verdade absoluta e sim “verdades” com o mesmo valor, onde cada pessoa possui a sua própria verdade, e estão todos em igualdade de fé. Isso não é aceito pela ala cristã mais conservadora, pois consideram uma total distorção com o projeto de evangelização que deu origem ao cristianismo.
Resultado imediato dessa passagem é a “crise de credibilidade quanto à unicidade e à universalidade do cristianismo como sendo a única religião verdadeira, que detém a Boa-Nova da salvação para todo ser humano” (GEFFRÉ, 2013, p. 6).

Algumas denominações até aceitam a união entre as igrejas cristãs, porém, que seja baseada apenas na permanência da fé em Cristo. Estas igrejas reconhecem que todos que creem em Cristo em qualquer lugar fazem parte da mesma família de Deus, unidas pela espiritualidade da fé em Cristo. Porém, não conseguem admitir nenhuma forma de salvação fora do cristianismo, ou seja, para a maioria dos cristãos, não existe salvação onde não existe Cristo. Para reverte esse pensamento as igrejas cristãs precisam entender que os evangelhos apresentam valores que também são valores sociais, e isso não significa que todos na sociedade precisam ser cristãos. As igrejas precisam superar esse desejo de querer cristianizar o mundo, pois isso é algo fantasioso e utópico, mas sim precisam buscam tornar o mundo mais fraterno sem etnocentrismos.
A sociedade mudou, no Brasil, por exemplo, durante todo o império vivíamos sobe o regime do padroado, onde a Igreja Católica era a religião oficial do estado, as demais religiões tinham que ser praticadas escondidas sem liberdade de culto. Com a proclamação da república o estado passou a ser laico, mas isso só na constituição, pois a realidade era outra. Enquanto as Igrejas protestantes buscavam conquistar e consolidar o seu espaço na sociedade, a Católica tentava recuperar o espaço perdido. A influência da Igreja nas decisões do estado era muito forte durante a república e isso permanece até os dias de hoje, só que agora com a presença também dos protestantes.
Os cristãos no Brasil passaram muito tempo se digladiando por questões doutrinarias, felizmente esse longo período de batalhas em nome da fé tem sido superado paulatinamente e as igrejas hoje em sua maioria tem adotado um discurso de tolerância e respeito mútuo. Pois muitos cristãos mesmo sem reconhecer a legitimidade da fé do outro, conseguem manter relações amigáveis entre seus membros. Embora o pluralismo de tendências teológicas dentro do universo cristão seja causa de tensões, isso não significa que não exista um conteúdo doutrinário comum.  Na verdade existem mais elementos comuns, já que todas as igrejas cristãs derivam da mesma raiz, ou seja, são igrejas irmãs, que podem e devem buscar cada vez mais à fraternidade e à cooperação.
Contudo o que tem sido debatido sobre o ecumenismo e tem sido objeto de discursão frequente dentro das igrejas cristãs, é o “tolera o outro”. Porém tolerar não significa aceitar o outro, mas sim suportá-lo, por isso o diálogo nunca evoluir, pois nenhuma das partes envolvidas está disposta a abrir mão de algo em busca do bem comum. Já são muitos anos de discursos acalorados em busca da unidade cristã, porém nada de concreto aconteceu realmente, falar apenas não é mais suficiente, é preciso desenvolver uma cultura de solidariedade, unidade e paz. No entanto, o que se ver principalmente com relação às religiões não cristãs, é um problema ainda maior, pois não existe nenhum empenho por parte da maioria dos cristãos em uma aproximação. O discurso é sempre vertical nunca horizontal, ou seja, sempre colocar os que estão fora do universo cristão como religiões imperfeitas, incompletas, inferiores, mesmo quando essas religiões possuem valores que são fundamentais a dignidade humana.
Secularização: sociedade em metamorfose
Uma das principais características do individualismo atual é o processo de secularização pelo qual passa todo o ocidente, é um fenômeno continuo e ininterrupto principalmente nas sociedades mais modernas. As pessoas têm perdido pouco a pouco suas raízes religiosas. Porém a coluna vertebral do estado sempre foi à religião, a falta dela e não havendo nada que possa ocupar o mesmo espaço na sociedade tem levando muitos ao abismo cultural e existencial. Nas sociedades menos modernas a secularização ainda tem um longo caminho a percorrer. Contudo é evidente que a laicidade do total do estado é algo impossível de se praticar em uma sociedade onde uma parcela significativa da população é religiosa. Isso não é um fenômeno apenas do cristianismo no ocidente, a maioria dos países muçulmanos vivem em um estado absolutamente teocrático. A coluna dorsal que mantém as religiões de pé é a tradição, por isso o cristianismo tem perdido espaço frente ao Islamismo. Pois enquanto no ocidente as sociedades exigem cada vez mais do estado moderno uma laicidade efetiva. Os países muçulmanos vivem em sua maioria sobe a égide de um estado teocrático que mantém a coluna dorsal da tradição intacta diante da modernidade e do individualismo. Isso faz com que o Islamismo atualmente tenha uma coesão maior perante a sociedade que o cristianismo, por isso o Islamismo é a religião que mais cresce no mundo, pois ainda não sofreu com os impactos da laicidade que passa o ocidente. Tudo isso faz com que o cristianismo se sinta cada vez mais ameaçado pelo Islamismo, diante da eminente perda da hegemonia religiosa no mundo. Devido a isso um diálogo entre o cristianismo, seja Católico ou Protestante e os muçulmanos, é algo muito difícil de acontecer, não existindo até o momento nenhuma perspectiva concreta de diálogo.
As pessoas precisam de algo que lhe der algum sentido a vida, a globalização ampliou a leque de possibilidades, até o ateísmo hoje é considerado um tipo de religião. O ecumenismo moderno tenta de alguma forma viabilizar uma aproximação, que possa superar o individualismo que entrou nas religiões, em busca de uma cooperação para paz e harmonia no mundo. Através do diálogo, rompendo as barreiras culturais e aceitando a diversidade das religiões. Porém quando as perguntas começam a surge percebemos que a tarefa não é fácil. Quem vai coordena esse diálogo? Como aceitar uma prática religiosa que vai totalmente de encontro a minha fé? Como dialoga sem proselitismo? Como o pecado pode ser combatido se o que é pecado para um é natural para outro? As questões que surgem são muitas as respostas é que são difíceis.

Referências:
COMTE, Augusto. Curso de filosofia positiva; Discurso sobre o espírito positivo; Discurso preliminar sobre o conjunto do positivismo; Catecismo positivista. São Paulo: Abril cultural, 1978.
BERGER, Peter. Em favor da dúvida: como ter convicções sem se tornar fanático. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
BRAKEMEIER, Gottfried. Preservando a Unidade do Espírito no Vínculo da Paz. São Paulo: ASTE, 2004.
WOLFF, Elias. Caminhos do ecumenismo no Brasil – História, Teologia, Pastoral. São Paulo: Paulus, 2002.
WOLFF, Elias. A unidade da Igreja – ensaio de eclesiologia ecumênica. São Paulo: Paulus, 2007.
MENDONÇA, Antônio Gouvêa. Protestantes, Pentecostais e Ecumênicos. São Bernardo do Campo, 1997.
A BÍBLIA, versão TEB – Tradução ecumênica, São Paulo: Paulinas e Loyola, 1995.
GEFFRÉ, Claude. De Babel a Pentecostes: ensaios de teologia inter-religiosa. São
Paulo: Paulus, 2013.
RIBEIRO, Claudio de Oliveira.. São Paulo: Paulinas, 2014.


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
NÚCLEO DE GRADUAÇÃO/LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO


Disciplina: NGCR0003 - Teologias das Religiões II 

Claude Geffré nasceu em 23 de janeiro de 1926 na cidade de Niort, oeste da França, apenas oito anos após o fim da primeira guerra, quando a Europa ainda tentava se recuperar. Entrou para “ordem dos pregadores” e em 1948 formou-se na escola de São Tomás de Aquino, em 1965 entra para o “instituto católico de Paris” como professor de teologia fundamental. Nesta época Geffré se encontrava em um contexto pós-segunda guerra mundial e principalmente pós-concílio vaticano II, quando a teologia tradicional passa a ser repensada em duas frentes, a chamada “guinada hermenêutica” e o reconhecimento do pluralismo religioso. Geffré se consolidou em sua vasta carreira como um dos principais teólogos católicos do século XX, sendo uma espécie de mediador entre a fé da igreja com as inúmeras expressões religiosas existentes no mundo contemporâneo.
O autor parte do princípio que o teólogo das religiões não é apenas um mero observador neutro e ao fazer a comparação em teologia das religiões usa a sua própria tradição religiosa como medida, ou seja, como uma espécie de lente cultural que impossibilita a neutralidade. Ainda assim, para Geffré é impossível falar de teologia das religiões sem recorrer ao método comparativo, porém o que o autor apresentar é maneira diferente de usar o método. Primeiramente o seu texto reconhece a originalidade da teologia das religiões e sua tendência de ser o novo horizonte do qual será reinterpretado as verdades fundamentais da fé cristã. Geffré propõe um passo mais além da já conhecida teologia ecumênica, ou mesmo da antiga teologia da salvação dos infiéis. Pois já existe dentro da igreja mesmo antes do concílio vaticano II a discussão sobre a possibilidade de salvação fora do horizonte cristão. A inovação teológica do autor acontece quando afirma que se a igreja já se encontra pronta para reconhecer o juízo positivo em outras religiões, então, por que não afirma que existe um pluralismo de princípio e que este pluralismo, faz parte da vontade misteriosa do próprio Deus.
Segundo o autor foi o ecumenismo começado dentro das religiões cristãs que quebrou a máxima católica de que “fora da igreja não há salvação”. Foi justamente a superação desse absolutismo católico que construiu as bases para desenvolver um ecumenismo inter-religioso e planetário. Geffré reconhece a impossibilidade de se estabelecer uma unidade entre todas as religiões, para o autor o diálogo não significa chegar a uma espécie de “metarreligião” onde todas as diferenças seriam abolidas. Pois, sendo assim haveria uma perda de identidade própria e a especificidade de cada religião ficaria comprometida.
O pioneirismo de Geffré está no fato dele apresentar para teologia das religiões a tarefa de criar um fundamento teológico que possa suscitar na igreja uma atitude nova perante as outras religiões. O mundo contemporâneo não tem mais espaço para um teólogo que se concentrar apenas na defesa dos dogmas é preciso ir mais além da sua própria tradição religiosa. O documento formulado pelo concílio vaticano II a declaração Nostra aetate, aponta essa nova posição da igreja diante das demais religiões mundiais. O Geffré tem um papel importante pós-concílio no sentido apresentar um caminho novo para teologia cristã diante da nova postura da igreja. O autor afirma que estamos vivendo em uma época de tolerância, pluralidade e respeito às opiniões contrárias. Portanto é preciso construir uma fundamentação teológica que comporte a unidade família humana no plano de Deus.
O autor acredita que existe um mistério oculto de Cristo, salvador do mundo, nas diversas tradições religiosas da humanidade, pois é inegável a presença de valores fundamentais para o cristianismo, como a bondade e a caridade nos elementos estruturais das grandes religiões do mundo. Geffré mesmo sendo católico usa o termo “desabsolutizar” o cristianismo como religião histórica, como sendo a melhor forma de compreender as demais religiões. Foge de termos gerais como: exclusivista, inclusivista e pluralista. Pois acredita que esses termos rotulam e enquadra outras verdades religiosas em categorias que fogem do objetivo da teologia das religiões. Para Geffré é preciso exorcizar qualquer “veneno apologético” ao fazer o uso do método comparativo, isso vale tanto hermenêutica dos textos do cristianismo, como para leitura das diversas outras religiões da humanidade.
O norte principal que a teologia da religião deve buscar é o despertar, para construção de uma teologia inter-religiosa, onde cada um se esforça para compreender o outro em sua própria religião, ou seja, em seu próprio horizonte teológico. Por isso o autor afirma categoricamente que o método comparativo não pode comparar doutrinas, instituições ou ritos. Pois estas práticas fazem parte do ser religioso e sua identidade, refere-se, ao que para o outro tem sentido como valor absoluto.
A metodologia comparativa apontada no texto parte do princípio que é preciso reinterpreta o cristianismo tendo em vista a insuperável questão do pluralismo religioso. Para o autor dentro do próprio cristianismo existem mecanismos, ou seja, princípios capazes de ajuda na relativização. Contudo é preciso entender que Geffré não está orientado pela questão da salvação dos homens fora da igreja, o que está se pretendendo é entender o sentido do insuperável pluralismo religioso, qual significado isso representa nos planos de Deus para com a humanidade. Após dois mil anos de evangelização, as religiões continuam existindo com bastante vitalidade, portanto não é possível mais ignorá-las ou rotularas como superstições. É preciso busca entender o significado das religiões em si mesmas, Geffré sugeri que possa haver uma relação autêntica de Deus fora do universo cristão. Então para que exista uma compreensão aprofundada do cristianismo é preciso que haja um diálogo com o outro, reconhecendo assim a existência de um pluralismo de princípio.
Podemos dizer que proposta de Geffré, abri caminho para construção de uma nova identidade cristã, reconhecendo verdades fora do cristianismo e renovando assim a linguagem da fé. Entendo o pluralismo como uma expressão da vontade de Deus, e a diversidade religiosa como melhor forma de expressar sua verdade e seu mistério. Para o autor a verdade não pertence a apenas uma cultura, nem tão pouco várias culturas, mais é o encontro dessa variedade de culturas que pode possibilitar enfim o encontro com a verdade, até então não encontrada em nenhuma delas.






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Referência:
GEFFRÉ, Claude. Crer e interpretar: a virada hermenêutica da teologia. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 29-63; 131-154 (Capítulos I e IV).



segunda-feira, 5 de agosto de 2019



Campo religioso em Sergipe 


Centro Espirita Joana De Angelis

O presente texto é um resumo da pesquisa de campo realizada no Centro Espírita Joana De Angelis no bairro São Carlos em Aracaju, onde foi realizada uma entrevista com a responsável pelo centro a senhora Célia Regina. Também foi feito o acompanhamento em campo das diversas atividades assistencialista realidade pelo centro nos mais diversos locais de Aracaju e São Cristóvão. O Centro Espírita Joana de Angelis, fica no bairro São Carlos há 34 anos, iniciou numa pequena marcenaria, onde se fazia móveis pelo dia, e a noite algumas pessoas se reuniam para aprender sobre a doutrina Espírita. O nome foi escolhido por seu José Rivaldo, o fundador do centro, o mesmo escolheu esse nome, em homenagem a Joana de Angelis, um espirito de Luz revelado a Divaldo Franco ainda na década de quarenta. O Senhor José Rivaldo de Souza Góes veio de São Paulo para Aracaju com ideia de fundar um centro espírita com esse nome, e foi lá onde teve o seu primeiro contato com o Espiritismo. Segundo a líder do centro a senhora Célia Regina a maior caridade que um espírita pode fazer é a divulgação da religião, da palavra existente no Evangelho. O espírita divulga a doutrina mostrando o mundo espiritual sem praticar proselitismo, difundindo em si primeiro, para depois atrair as pessoas pelo exemplo de vida que irradia nas pessoas o desejo de também se torna espirita. Na religião espirita não há existe batismo nem tampouco casamento, mas sim uma apresentação e uma bênção especial que é realizada na casa da pessoa ou no centro espírita. Isso se da pelo o fato deles acreditarem que o maior legado que se pode deixar é o amor e o acolhimento das pessoas.
  . De acordo com o que prega a doutrina espírita todo centro espírita é um hospital de alma, onde são realizados vários tratamentos. Porém o tratamento espiritual de maneira alguma exclui o tratamento cientifico e uma consulta ao médico. O espiritismo desde suas origens sempre esteve ligado tanto a ciência como a filosofia, aqui no Brasil isso fica claro em uma declaração que Chico Xavier deu em uma entrevista:
 A doutrina Espírita é ciência, filosofia e religião. Se tirarmos a religião, o que é que fica? (...) fica um corpo sem coração, se tirarmos a ciência fica um corpo sem cabeça e se tirarmos a filosofia fica um corpo sem membros.
O espiritismo desde sua origem nasce com uma proximidade com a ciência, principalmente para explicar os fenômenos das mesas giratórias, grande mistério que acontecia nas reuniões mediúnicas em volta de uma grande mesa redonda. Os pilares da doutrina espírita estão em cinco livros publicados ainda no início da segunda metade do século XIX: o livro dos espíritos, o livro dos médiuns, o evangelho segundo o espiritismo, o céu e o inferno e a Gênese. O espiritismo chega ao Brasil primeiramente na Bahia no distrito de mata de São João, em meados do século XIX, porém é com os Franceses que estavam exilados no Rio de Janeiro que a doutrina vai se propagar. Desde do início no Brasil o espiritismo sempre tentou se manter ao lado da ciência, isso se dava por que muitos que buscavam aprender sobre a doutrina era pessoas eruditas e abastadas financeiramente, como o José Bonifácio de Souza o patriarca da independência. Aqui em Sergipe o espiritismo é trazido por pessoas como seu José Rivaldo que tem contato com a doutrina na região sudeste e trás para o estado. De início o segmento espírita em Sergipe começa nas residências das famílias com o estudo da doutrina e prática espíritas, apenas em um segundo momento com o aumento do número de adeptos, começa a se criar os centros que vão aos poucos se institucionalizando, com um objetivo de desenvolver melhor o trabalho assistencialista que é a principal marca do espiritismo no Brasil. O reconhecimento de um centro espírita precisa passar pela chancela da federação espírita de Sergipe à FEES, o reconhecimento se da de acordo com as práticas doutrinarias realizada pelo centro.
Em Sergipe existem vários centros espíritas e o escolhido para essa pesquisa foi o Joana de Angelis no bairro São Carlos. O nome desse centro despertou a curiosidade de sabermos quem foi essa personagem tão importante para o espiritismo no Brasil. Joana de Angelis segundo a crença espirita é um espirito de luz que teria reencarnado várias vezes, sempre dando exemplo de conduta e amor pelo próximo. As mais conhecidas reencarnações desse espírito de luz foram a Joana de Cusa, ainda na época de Cristo, quando teria sido uma das suas fiéis seguidoras e teria ajudado financeiramente os apóstolos, assim como muitos dos primeiros cristãos teria morrida queimada em uma arena onde eram colocados os cristãos que se recusava a abandona a sua fé. A segunda reencarnação conhecida teria acontecido no século XII como Clara de Assis, grande seguidora e amiga de Francisco de Assis, fundou a ordem das Clarissas uma ordem muito semelhante aos franciscanos, seguindo o voto de pobreza e obediência irrestrita a Deus. A terceira reencarnação divulgada por Divaldo Franco foi como Joana Inês de lá cruz, já no século XVII no México, dessa vez sua característica mais marcante era sua inteligência, foi uma das maiores poetizas de língua latina, despertou também interesse nas ciências e matemática. È conhecida como a primeira feminista de língua latina, pois defendia o direito que a mulher tinha de aprender. A quarta e última reencarnação divulgada por Divaldo Franco foi como Joana Angélica de Jesus, no século XIX na Bahia, onde se tornou freira e que durante uma das guerras de independência do Brasil em 1822, teve seu convento invadido por tropas portuguesas. Esses homens bárbaros queriam atacar e violentar as freiras que ali se encontravam, e Joana se prostrou na frente do portão para impedi-los, dando tempo para que suas companheiras fugissem dali, porem foi ferida de morte por um golpe desferido em seu peito por uma baioneta, tornando-se conhecida como símbolo de resistência.
Durante a visita de campo entrevistamos a líder do centro a senhora Célia Regina, que nos recebeu de bom grado e por mais de uma hora respondeu com paciência as nossas indagações. Primeiramente buscamos saber um pouco sobre a história da fundação do Centro e o que à levou ao espiritismo, se houve algum preparo para que assumisse a presidência do centro e se foi preciso abdicar de algo para assumir o posto.Também questionamos sobre como é realizado o tratamento espiritual, quais os tipos de problemas de saúde mais comuns nas pessoas que buscam esse tipo de tratamento. Ainda perguntamos, quantas pessoas frequentam o centro semanalmente e quais os principais motivos que levam as pessoas a procurarem o centro. Além disso a senhora Célia Regina nos mostrou todo o centro espírita e a rotina de trabalhos que são realizados no Joana de Angelis, nos apresentou também um pouco da história desses espíritos de luz que ajudam e trabalham pela saúde das pessoas. Por fim nos foi dito o por que as pessoas deveriam seguir a doutrina espírita.
Ao falar sobre o que a levou ao espiritismo, disse que frequentava antes a religião católica, em seguida adventista do sétimo dia, e atualmente é a presidente do Centro há seis anos. Segundo a presidente do centro os membros da casa realizam eleição a cada três anos e a senhora Célia havia sido reeleita. Contou também que passou a frequentar a federação espírita, por indicação de sua irmã, a qual até hoje é muito grata, pois aos vinte e cinco anos, passou a ter visões, de pessoas conhecidas que faleceram. Atribui a troca de religião, ao fato de estar em busca do caminho certo, ao qual acha que o encontrou dentro do espiritismo, diz ainda que todo aprendizado nessas religiões serviu como base e que nada foi perdido e toda a experiência anterior foi aproveitada. Ao falar sobre o preparo para assumir a presidência do centro, afirmou que foi um logo processo que durou anos, mais especificamente dos vinte e cinco aos quarenta e sete anos. Contudo foi um processo involuntário, pois não sabia que estava sendo preparada pelo senhor Orlando, o presidente anterior para assumir a casa. Pois o mesmo antes de falecer havia lhe ensinado tudo que deveria saber sobre a religião, ainda segundo Célia não lhe foi transferido poderes, pois cada pessoa carrega em si seus dons pessoais, mais foi ao longo do tempo que suas habilidades mediúnicas foram sendo descobertas, pois até então não sabia tinha essas habilidades.
Em relação de como é o tratamento espiritual na casa espirita, Célia, falou que as pessoas acumulam muitos problemas e adoecem, e que o tratamento é feito pelos espíritos, e que não há cirurgias corporal visíveis, o tratamento é feito no períspirito, de acordo com a energia corpórea dos médiuns, que doam fluidos vitais ao enfermo. Contou também sobre os tipos de problemas de saúde das pessoas que buscam o centro espírita, Célia falou que geralmente são depressão, ideias suicidas, câncer, processos obsessores de uma forma geral, e que há vários relatos de melhoras e curas dessas enfermidades, por parte de algumas pessoas que procuram o tratamento. Questionada sobre como é feita a divulgação da religião informou que a maior caridade que um espírita pode fazer é a divulgação da religião, da palavra existente no Evangelho. O espírita divulga a doutrina mostrando o mundo espiritual sem praticar proselitismo, difundindo em si para depois atrair pessoas para participar das práticas. No Espiritismo não há batismo e tampouco casamento, mas sim uma apresentação e bênçãos que são realizadas na casa. De acordo com o que prega a doutrina espírita todo centro espírita é um hospital de alma, e o maior legado que se pode dar é o amor e o acolhimento das pessoas
Ao ser questionada sobre a quantidade de pessoas que frequentam o centro espirita semanalmente, respondeu que são em média  quinhentas e cinquenta pessoas, e que algumas pessoas após o tratamento passam a frequentar a casa e outras não, mas que geralmente indicam para os amigos ou conhecidos, quando notam a necessidade de tratamento espiritual. Muitas pessoas frequentam o Joana de Angelis em busca de acolhimento, pois sentem um vazio muito grande, e aqui se sentem acolhidas. Ao falar do acolhimento a Célia Regina expôs a rotina de trabalho realizada no centro espírita. Começando a segunda feira a noite, com atendimento fraterno, onde é feito um acolhimento as pessoas com uma entrevista, com objetivo de identificar a necessidade de algum tipo de tratamento. Na terça acontece o estudo da mediunidade, e o tratamento no leito. Já na quarta à doutrinária e o tratamento com passe e na quinta há estudos dos livros espiritas, na sexta há o tratamento de desobsessão, tratamento no leito, estudo do livro dos espíritos e do evangelho. No sábado tem arte no salão pela manhã com curso de artesanato, dança para crianças e adolescentes, a tarde evangelização das crianças e a noite palestras e passe de tratamento. Por fim, no domingo tem visita fraterna, a casa de pessoas que pedem a pregação do evangelho, visita a asilos, distribuição de sopa e café para moradores de rua.
 Ao ser perguntada se teve que abdicar de algo para coordenar o centro espírita, Célia respondeu que a entrega a Deus é feita com renuncias, e com sacrifícios, e alguns deles é o uso da carne vermelha, a ida a festas, algo que antes valorizava hoje nem tanto, tem que deixar o lar a família, mas tudo isso valeu a pena, pois tem uma boa resposta junto aqueles que nos cercam, pois quando se entrega verdadeiramente ao cristo, leva-se para casa valores e exemplos, algo que atrai pessoas para junto, e quando se olha para trás, pensa-se que poderia ter tido um grande escritório, mas não teria paz e equilíbrio de fazer projetos dentro da profissão de contadora, mas o que chamou ela foi o projeto de cristo, e hoje nota que nada lhe faltou, e não sente falta de ter posses, pois suas necessidades básicas como alimento, vestimenta e um teto, sempre foram supridas, disse ainda que geralmente quem tem riquezas não tem paz e que o que aprendeu durante esses anos todo não tem preço.
Indagada sobre as pessoas invisíveis aos nossos olhos que trabalham pela saúde das pessoas da casa espírita, Célia disse que são irmãos incansáveis que abdicam de dar um passo mais adiante em sua evolução como Dr. Bezerra de Menezes, pois poderiam estarem em lugares mais evoluídos mas ao invés disso se preocupam com nossa evolução e nos ajudam, se entregam ao trabalho de nos melhorar moralmente, e sem esses anjos bem feitores, não seríamos nada, pois nos protegem, nos auxiliam nos tirando de dificuldades.
 Por fim, mais não menos importante para finalizar a entrevista, perguntamos a opinião dela sobre o porquê as pessoas deveriam seguir a doutrina espírita, respondeu que em sua opinião as pessoas devem se preocupar em seguir as leis de Deus, e que cada um deve seguir sua consciência, e decidir seguir a  jesus, e que não precisa vir para doutrina espírita, mas que tem que perceber, a necessidade de evoluir espiritualmente.
Na tarde do dia 22 de julho de 2019, foi realizada uma pesquisa de campo no Centro de Estudos Espírita Joanna de Ângelis, onde acompanhamos e registramos algumas atividades do centro com a entrega de cestas básicas seguidas de doações de roupas para famílias carentes. Ao mesmo tempo no centro realizavam-se atividades de costura consistindo na prática de fuxicos e crochês. Além disso, antes das atividades, o Evangelho era pregado como forma de conscientização para as alunas. Antes da entrega das doações, foi realizada a pregação do Evangelho em forma de roda de conversa. Foi possível perceber que a palavra do Evangelho possui uma grande importância para as pessoas que estavam ali presentes naquela tarde, ela pode ser considerada como um alimento para a alma.

Conclusão
Podemos concluir, que nos centros espiritas, o tratamento de doenças faz parte da rotina dos trabalhos, e que esses tratamentos são feitos em um primeiro momento, com entrevista fraterna, para avaliar qual tipo de tratamento é indicado para cada pessoa, que procura o centro, com passe de tratamento no salão e no leito, para transmissão de fluidos vitais do médium para o paciente  e água fluidificada.

 



   


sábado, 19 de janeiro de 2019


O conceito de ética no candomblé
           
              O conceito de ética é formado a partir de um sistema de valores morais e universais que se repetem e servem para manter a harmonia do convívio social. No candomblé a ética está mais associada às práticas individuais e peculiares que cada indivíduo realiza, seja dentro, ou fora da casa da qual o mesmo pertence. Essas práticas são definidas a partir da feitura do iniciado, quando o mesmo descobre a qual Orixá pertence a sua cabeça. O comportamento pessoal fora do terreiro não necessariamente, desqualifica o indivíduo dentro da religião, até por que, cada iniciado vai reproduzir a conduta ética que lhe cabe, de acordo com a referência que se tem, de comportamento do seu Orixá. Coletivamente existe um padrão de conduta dentro da casa que deve ser rigorosamente respeitado e seguindo por todos, que é a obediência a hierarquia da casa.
            Após a iniciação a existência da pessoa passa a ser regida pelo seu Orixá. Em cada cabeça o Orixá nasce de maneira individualizada, ou seja, pessoas que pertencem ao mesmo Orixá, podem apresentar uma conduta ética diferente. Os Orixás carregam com sigo histórias da sua existência, cada um possui um comportamento típico; como cores e comidas preferidas ou que lhes desagradam. Quanto mais tempo de iniciado mais espaço na casa a pessoa vai ganhando e subindo hierarquicamente, porém não é apenas o tempo de iniciado que vai contar, para que a pessoa receba mais espaço dentro da casa. O fator primordial é quanto do seu Orixá a pessoa consegue refletir de acordo com seu comportamento e comprometimento. Já que a obediência a uma conduta adequada, faz com que a pessoa se mantenha distante de todo mal que poderia lhe abater.
A filiação do indivíduo ao Orixá não é uma escolha pessoal, nem muito menos pode ser transferida ou mudada. Essa filiação vai se perpetua por toda a vida, influenciando diretamente o padrão de sociabilidade de cada pessoa, já que alguns Orixás não têm afinidades com outros Orixás, o que irá refletir no comportamento de seus filhos de iniciação. O modo de ser, de se portar e agir, além das relações pessoais entre as pessoas, estão diretamente ligados, ao seu Orixá. Essa relação dos indivíduos com seus Orixás é o ponto chave da ética do candomblé, pois durante toda a vida o iniciado irá procurar viver e se comportar de tal forma a expressar a maior proximidade possível, da filiação ao Orixá ao qual foi designado.
Por fim, mas não é menos importante é possível afirmar que existi sim uma ética em torno do candomblé, tanto no âmbito coletivo, dentro da casa, como também de caráter individual. Essa ética é moldada com o tempo através do cultivo do ritual e por meio do aprendizado continuo do comportamento e dos ritos característicos, de acordo com o que cada Orixá designa.   

quarta-feira, 28 de novembro de 2018



 

 

Nostra Aetate


                   A primeira metade do século XX foi marcada por vários conflitos que culminaram nas duas guerras mundiais; provocadas, sobretudo, por um forte nacionalismo, rivalidades, disputas territoriais e econômicas. Além da constante intolerância religiosa que sempre foi praticada na Europa e se fortaleceu com o antissemitismo, propagado pelo nazismo na Alemanha. Tudo isso gerou milhões de mortes em todo o orbe e fez crescer o sentimento de vingança e xenofobia entre as principais nações envolvidas nos conflitos. A igreja católica como única instituição presente em quase todos os países envolvidos nos conflitos. Fez uma espécie de “mea-culpa” e em 25 de dezembro de 1961 o Papa João XXIII por meio da bula papal “humanae salutis”, convoca o concílio vaticano II. É preciso ressalta que a convocação de um evento dessa magnitude para a igreja católica, não é algo comum, em média a igreja costuma fazer apenas um concílio por século, o último concilio havia terminado em 1870, ou seja, é um evento de caráter extraordinário. Até então, os concílios, em sua maioria, tinham sidos convocados para estabelecer dogmas de fé. Contudo, o concílio vaticano II não foi convocado com o intuito de constituir um novo dogma de fé. O objetivo era pastoral e não doutrinal, a igreja precisava modernizar sua forma de comunicação com o mundo e rever sua maneira de se relacionar com as outras religiões.
                       O concílio foi aberto em 11 de outubro de 1962 e partia do principio de que a igreja era responsável pelo deposito da sagrada doutrina cristã e que não poderia em hipótese alguma, se afastar do patrimônio sagrado da verdade, ou seja, a igreja jamais deveria abandona a doutrina de fé que fôra construída ao longo dos seus vários séculos de existência. Porém, a igreja precisava adotar uma forma mais acessível e eficaz de falar com o mundo moderno, sem perder a sua essência. Após quatro calorosas sessões o concilio foi finalizado no dia 8 de dezembro de 1965, produzindo 16 importantes documentos, sendo 4 constituições, 9 decretos e 3 declarações. Desses documentos, dois o “Lumen gentium” e o “Nostra aetate” buscaram tratar da relação que a igreja deveria designar para com as outras religiões, inclusive as ‘não cristãs’. Apazigua as tensões e estabelecer uma relação respeitosa e amigável, era o principal objetivo desses documentos.

                       A declaração “Nostra aetate” da qual tratar o presente texto, reconhecer a religiosidade como algo intrínseco do ser humano e começa a enxergar as outras tradições religiosas de maneira positiva, admitindo que possa existir salvação mesmo nas religiões não cristãs. O cristianismo que por longo tempo sustentou não haver salvação fora da igreja, assume um discurso mais conciliador e tolerante com relação às diferentes tradições religiosas. A igreja olhou para dentro de si e procurou em sua essência, a melhor maneira possível, de estabelecer uma relação cordial com as diferentes tradições religiosas, sem abrir mão da sua doutrina e verdade de fé. De certa maneira, a igreja percebeu que a missão nada despretensiosa designada por Cristo, de “ir a todo o mundo e prega o evangelho a toda criatura”, mostrou-se ser, uma tarefa bastante árdua e difícil de ser alcançada. Após vários séculos de ação missionária o cristianismo conseguiu chegar a todos os continentes e em quase todas as nações. Contudo, converter toda a humanidade ao cristianismo tornou-se algo utópico e impossível de ser alcançado.
              A vitalidade das chamadas religiões mundiais: hinduísmo, budismo, judaísmo, confucionismo e Islamismo, mostrou a Igreja católica que mesmo com muito esforço pastoral, a conversão global ao cristianismo era uma meta muito difícil de ser alcançada. A multiplicidade religiosa fez a Igreja muda o discurso e aceitar a independência religiosa dos povos não cristãos. Na declaração “Nostra aetate” fica bem claro isso, a Igreja procura favorecer a unidade e a caridade entre os homens, reconhecendo a existência de outros caminhos para se chegar a Deus. Contudo, deixa claro em seu discurso que a sua estrada é a melhor pavimentada para se alcançar a Deus, ou seja, a mais completa em doutrina.
                         A declaração “Nostra aetate” vai buscar fomentar por meio da tolerância e do respeito mútuo, a união e a reciprocidade entre os povos, considerando algo que existe de comum em cada individuo, o seja, a busca de um mundo melhor, de paz e harmonia. Ao se referir ao Islamismo a Igreja buscar traços comuns entre as duas doutrinas, convocando cristãos e mulçumanos a supera o passado conflituoso e a exercitarem a compreensão mútua para que juntos possam defender e promover a justiça social. Com relação ao judaísmo documento vai reconhecer sua importância para o cristianismo e o grande patrimônio espiritual comum entre as duas religiões. Além disso, a Igreja também vai se posicionar contra o antissemitismo e quaisquer forma de perseguição contra os judeus, repudiando as manifestações de ódios em qualquer período que tenham ocorrido. A Igreja ensina que Cristo sofreu voluntariamente e que sua morte na cruz é um sinal de amor e salvação e não pode servir de justificativa para propagação do ódio contra os judeus.
                      Com relação ao hinduísmo e ao budismo a Igreja vai reconhecer a busca do ser humano pelos mistérios divino. Porém, fica evidente em suas declarações a dificuldade e o esforço que a Igreja faz, para compreender essas  religiões que não são monoteístas e que tem doutrinas imensamente diferente do cristianismo. Contudo a igreja busca olhar para essas religiões com sincero respeito, reconhecendo que ali também existe o sagrado o verdadeiro o divino e o santo.
                       Por fim a Igreja deixou claro em suas declarações que nela se encontra a plenitude dos meios de salvação, isso, porém, não quer dizer que este seja o único e exclusivo caminho. É possível afirma que existe uma certa ambiguidade entre e novo discurso da igreja católica na tentativa de se moderniza, com relação a manutenção da sua doutrina. Contudo, ao chamar para si a responsabilidade, e condenar veementemente toda e qualquer forma de discriminação ou violência praticada por motivos de raça, cor ou religião. O Concílio teve fundamental importância no apaziguamento das tensões, provocadas principalmente pela visão etnocêntrica de mundo, que a Igreja direta ou indiretamente ajudou a criar.   
Referencias bibliográficas:

DUPUIS, Jacques. O cristianismo e as religiões: do desencontro ao encontro. São Paulo: Loyola, 2004, pág. 40-69; 88-96.



O Cristianismo e as Religiões (o fenômeno da aproximação e o RCC)

O cristianismo e suas várias denominações religiosas é a fé mais professada no mundo e está presente em todos os continentes. Mas, não foi sempre assim, o cristianismo surgiu como uma vertente subversiva do judaísmo, sem, no entanto, nunca ter rompido diretamente com o mesmo. A relação de Jesus com o Judaísmo é de continuidade e aperfeiçoamento, pois em nenhum momento houve a intenção de superar o judaísmo, ou mesmo, substituí-lo por uma nova religião. Pelo contrário, em todo o evangelho é possível identificar claramente que a matriz dos ensinamentos pregados por Cristo, está completamente ligada a tradição judaica. Porém, mesmo existindo a vontade de continuidade é notório a divergência nas ideias e a ambiguidade criadas pelo discurso de Cristo, pois, ao mesmo tempo que tenta conciliar-se com a antiga lei, impõe a mesma uma renovação.Tudo isso gera conflito entre a tradição religiosa dominante o judaísmo e a sua mais nova vertente, récem criada por Jesus, a consequência desse embate é a perseguição a Cristo e a suas novas ideias.
Jesus vai romper a barreira do mundo religioso judeu, estendendo a ação salvifica de Deus para os outros povos, sua relação de respeito e afeto para com os pagãos, evidencia que o reino de Deus anunciado é para todos, e não mais, apenas para os judeus. E este reino começa ainda na vida terrena de Jesus, portanto, seu objetivo não era criar uma igreja diferente, mais sim instaurar o reino de Deus que começa aqui ainda na terra. A igreja primitiva nos primeiros séculos da era cristã, também não vai romper automaticamente com o judaísmo, o processo de construção do cristianismo é lento, porém progressivo e continuo, aos poucos vai se gestando uma identidade nova, em um processo longo que vai evoluindo para o desenvolvimento de uma consciência religiosa distinta do judaísmo. Ao se expandir o cristianismo vai fugindo do horizonte da pregação e missão de Cristo que é o reino de Deus, e começa a estabelecer mediações entre o homem e a salvação, ou seja, aos poucos o cristianismo quando se torna a vera religione vai reconstruindo o muro que Jesus havia derrubado ao romper a barreira do mundo religioso judeu. Construíndo o seu próprio muro e determinando quem pode entra dentro dele ou não, com isso, vai criando-se dentro do cristianismo um desprezo pelas crenças que não professam a mesma fé.
            Apesar de ser pelo menos no primeiro momento uma “versão não autorizada do judaísmo” o cristianismo vai se apropria e fazer uma interpretação do antigo testamento, para legitimar as novas verdades criadas no novo testamento. A tradição biblica é forjada em um contexto de legitimação da autoridade, a promessa feita a Abrãao, as hostilidades em relações a outras religiões no antigo testamento. Tudo isso criar a auto compreensão judaica de povo eleito e essa interpretação vai respigar no cristianismo que também vai se ao proclamar como o único e verdadeiro povo eleito. Essa restrição aos demais povos da salvação que provém de Deus, não se faz presente na pregação de Cristo, pois no seu discurso estava claro que a salvação era destinada igualmente a todos os homens. Portanto, existe na pregação de Cristo uma universalidade da salvação, e não um exclusivismo que a noção etnocêntrica de povo eleito provocou. A todo momento Jesus anda com os pagãos e conversa com os samaritanos, por mais de uma vez sua pregação é dirigida as ovelhas perdidas da casa de Israel, ou seja, em nada se aproxima do exclusivismo criado pelo cristianismo.
            Após vários séculos do pensamento exclusivista o cristianismo vai tentar se abrir ao dialogo com as outras religiões, reconhecendo os valores positivos que estam contidos nas diversas tradições religiosas. Isso só vai acontecer na década de sessenta com o Concílio vaticano II, porém, apesar de ser uma iniciativa de diálogo e respeito, o cristianismo católico vai enxergar as outras religiões com suas “lentes” ainda voltadas para si. Pois ao mesmo tempo em que se abrir ao diálogo, a igreja não abri mão de nenhuma das suas verdades de fé, se auto afirmando com única portadora e detentora do depósito sagrado da fé. O concílio vaticano II foi o primeiro grande passo da igreja rumo ao diálogo, porém, não estabeleceu uma relação de igualdade no discurso, algo que hoje está se discutindo com um equilíbrio maior. Contudo, é preciso resaltar o contexto em que o concílio foi convocado, pós duas grandes guerras mundiais, somado ao clima de rivalidade e xenofobia presente em toda a Europa. É preciso reconhecer a importância que o concílio teve para aplacar os ânimos exaltados, e a evolução do seu discurso após vários séculos de uma visão exclusivista de mundo que só gerou discórdia e conflitos.
É nesse contexto ainda na década de sessenta pós-concílio vaticano II que surge a Renovação Carismática Católica, um seguimento novo da igreja que surgiu nos EUA após um retiro espiritual. O movimento RCC como ficou conhecido, sofreu forte influência do protestantismo pentecostal e também pelas mudanças que estavam ocorrendo na igreja católica pós-concílio. Assim como o concílio vaticano II, esse novo seguimento da igreja não buscava abolir nenhum dogma. O RCC apenas oferecia uma abordagem nova e inovadora num período de modernização onde a igreja buscava criar novas linguagens para se comunicar melhor com o mundo. Assim sendo o RCC conseguiu dá um fôlego novo a igreja, principalmente com relação a celebração da missa que passou a utilizar músicas mais alegres e uma flexibilidade maior da rígida liturgia. O discurso ecumênico é a nova realidade da igreja e o RCC só se apropria e ressignificar as práticas do protestantismo pentecostal, devido a esse discurso da igreja de aproximação com outras religiões, reconhecendo que existe mais caminhos que levam a missão salvífica de Deus para o homem.
Os membros do RCC acreditam em um fenômeno chamado de batismo no espírito santo, este batismo não é um sacramento novo da igreja, mas sim, uma experiência pessoal de conversão que o indivíduo sentir ao ser preenchido pelo espirito santo. Isso ocorre em momentos oração quando o indivíduo passa por um processo de efusão no espirito santo, muitas vezes acompanhada do “repouso no espirito santo” que é uma espécie de desmaio consciente durante o momento de oração. Existe também a chamada oração em línguas que não corresponde a nenhum idioma especifico, seria uma forma de linguagem apenas de Deus e dos anjos. Essas duas práticas do RCC não são recomendadas pela igreja, porém não são condenadas, apenas a igreja tentar separar o que realmente é a inspiração do espírito santo e surge em momentos de oração involuntariamente, e o que é induzido apenas pelo animador do grupo quando está reunido em momento de oração.
O RCC também é o grande responsável pela propagação na igreja dos chamados “dons do espirito santo” estes são: fortaleza, sabedoria, entendimento, ciência, conselho, piedade e temor a Deus. É só após o RCC que esses dons que são recebidos durante o sacramento da crisma, vão ser sistematicamente difundidos entre seus membros. Os dons são uma espécie de poderes concedidos pelo espírito santo, para o bem viver e as lutas diárias do indivíduo, durante seu itinerário no caminho que o leva ao céu. Hoje existe mais de cem milhões de engajados ao RCC no mundo, sendo o seguimento que mais cresce dentro da igreja.

Referências:
http://cleofas.com.br/os-sete-dons-do-espirito-santo/. Acesso em: setembro 2017 às 23:30

http://www.rccbrasil.org.br/interna.php?paginas=42. Acesso em: setembro 2017 às 00:30

DUPUIS, Jacques. O cristianismo e as religiões. Do desencontro ao encontro. São Paulo: Loyola, 2004