O conceito de ética no candomblé
O conceito de ética é formado a partir de um sistema de valores morais e
universais que se repetem e servem para manter a harmonia do convívio social. No
candomblé a ética está mais associada às práticas individuais e peculiares que
cada indivíduo realiza, seja dentro, ou fora da casa da qual o mesmo pertence.
Essas práticas são definidas a partir da feitura do iniciado, quando o mesmo
descobre a qual Orixá pertence a sua cabeça. O comportamento pessoal fora do
terreiro não necessariamente, desqualifica o indivíduo dentro da religião, até
por que, cada iniciado vai reproduzir a conduta ética que lhe cabe, de acordo
com a referência que se tem, de comportamento do seu Orixá. Coletivamente existe
um padrão de conduta dentro da casa que deve ser rigorosamente respeitado e seguindo
por todos, que é a obediência a hierarquia da casa.
Após a
iniciação a existência da pessoa passa a ser regida pelo seu Orixá. Em cada
cabeça o Orixá nasce de maneira individualizada, ou seja, pessoas que pertencem
ao mesmo Orixá, podem apresentar uma conduta ética diferente. Os Orixás
carregam com sigo histórias da sua existência, cada um possui um comportamento
típico; como cores e comidas preferidas ou que lhes desagradam. Quanto mais
tempo de iniciado mais espaço na casa a pessoa vai ganhando e subindo hierarquicamente,
porém não é apenas o tempo de iniciado que vai contar, para que a pessoa
receba mais espaço dentro da casa. O fator primordial é quanto do seu Orixá a
pessoa consegue refletir de acordo com seu comportamento e comprometimento. Já
que a obediência a uma conduta adequada, faz com que a pessoa se mantenha
distante de todo mal que poderia lhe abater.
A filiação do indivíduo ao
Orixá não é uma escolha pessoal, nem muito menos pode ser transferida ou
mudada. Essa filiação vai se perpetua por toda a vida, influenciando
diretamente o padrão de sociabilidade de cada pessoa, já que alguns Orixás não
têm afinidades com outros Orixás, o que irá refletir no comportamento de seus
filhos de iniciação. O modo de ser, de se portar e agir, além das relações pessoais
entre as pessoas, estão diretamente ligados, ao seu Orixá. Essa relação dos
indivíduos com seus Orixás é o ponto chave da ética do candomblé, pois durante
toda a vida o iniciado irá procurar viver e se comportar de tal forma a
expressar a maior proximidade possível, da filiação ao Orixá ao qual foi
designado.
Por fim, mas não é menos importante é
possível afirmar que existi sim uma ética em torno do candomblé, tanto no
âmbito coletivo, dentro da casa, como também de caráter individual. Essa ética
é moldada com o tempo através do cultivo do ritual e por meio do aprendizado
continuo do comportamento e dos ritos característicos, de acordo com o que cada
Orixá designa.
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