terça-feira, 19 de setembro de 2023

 

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

NUCLEO DE GRAD. EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM  CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

 


 

Discente: Leninaldo Ferreira da Cruz Júnior

 

Referencia bibliográfica: VIGIL, José Maria. Teologia do pluralismo religioso: para uma leitura pluralista do cristianismo. São Paulo: Paulus, 2006

 

 

A diversidade religiosa é algo intrínseco ao ser humano e sempre esteve presente ao longo de sua história, porém, foi apenas nas últimas décadas que essa pluralidade religiosa entrou em evidência, devido ao acelerado processo de globalização que atingir a sociedade atual e provoca um choque entre culturas distintas. A ocidentalização da cultura e religião imposta pela Europa cristã ao mundo passa hoje por um movimento reverso de desocidentalização, ou seja, a globalização pôs em evidência a diversidade religiosa existente. E praticamente obrigou a teologia cristã a reacender o debate sobre o pluralismo religioso, debate esse, que já existia desde os primórdios do cristianismo. Contudo, agora se faz presente dentro de um novo contexto, onde a sociedade adquiriu uma consciência coletiva de tolerância e respeito mútuo entre as religiões. Globalizar sugere o oposto de dividir, marginalizar, ou mesmo excluir, essa noção nova de sociedade integrada reflete diretamente na forma de se encara o contraditório e diferente. No mundo hoje não existe espaço para uma teologia segregadora com relação às outras religiões. “O pluralismo religioso não é um tema simplesmente teórico nascido das especulações de intelectuais que o estejam querendo transmitir à sociedade” (VIGIL, 2006, p. 16). Mas sim o anseio da sociedade atual, em buscar o diálogo racional entre as religiões.

A teologia precisa abrir seu leque de abordagem para além da sua própria religião, revendo algumas convicções sem perde sua essência. Para isso terá que “articular e combinar os elementos da fé a partir de bases novas” (VIGIL, 2006, p. 15), partindo da igualdade e não mais da superioridade entre as crenças religiosas. É preciso pensar em uma nova forma de viver a religião, que consiga atenuar rivalidades e preconceitos históricos, só assim é possível conviver de maneira harmônica em uma sociedade pluricultural.

 

As novas sociedades provocam um transformação que supõe uma “verdadeira revolução na consciência religiosa da humanidade; estamos vivendo um momento da história no qual o acesso às diferentes religiões tem uma amplitude e uma profundidade sem precedentes”. (VIGIL, 2006, p. 16)

 

O avanço tecnológico encurtou as distâncias integrando as pessoas ao mundo, a facilidade de acesso à informação despertou a curiosidade por outras culturas, as novas mídias sociais promovem a interação das pessoas de diferentes países, somado a isso temos os fluxos migratórios que ampliam ainda mais a diversidade religiosa dentro do mesmo país. Visões distintas de mundo, valores até então inquestionáveis são confrontados com outros valores e normas. Novas perspectivas surgem a todo o momento, a filosofia ocidental até então hegemônica, se converte a apenas uma entre tantas outras.

 

Diante de uma realidade marcada pelo pluralismo religioso, não pode ser promissora, com efeito, uma reflexão teológica a partir de um discurso ‘sobre os outros’. Pois se o princípio da contextualização e do método teológico interpretativo é aplicado seriamente à realidade religiosa do mundo, compreendesse imediatamente que a teologia das religiões não pode ser vista simplesmente como um novo assunto ou sujeito sobre o qual se deve refletir teologicamente. (VIGIL, 2006, p. 18)

 

              

            O grande desafio da chamada “teologia das religiões” é conseguir fazer uma reflexão teológica neste novo cenário de pluralismo, como interpreta o sentido da diversidade religiosa sobre a luz da revelação cristã. É preciso criar um novo jeito de fazer teologia que tenha com marco inicial o dialogo, pois só compreendendo a religiosidade do outro, será possível entender a essência da pregação de cristo. Tudo isso é um fato novo, pois “a história da qual viemos é de milênios de atitudes contrárias ao pluralismo” (VIGIL, 2006, p. 18). A aceitação o respeito e a tolerância fazem parte hoje da consciência coletiva das pessoas, o pluralismo religioso é uma realidade da contemporânea, que lança desafios sobre os alicerces da fé cristã.

 

Nesta cultura, já não se admitem pretensões absolutistas, totalitárias e nenhuma forma de dogmatismo, seja em relação à religião ou em qualquer outro sistema que queira possuir o monopólio da verdade. (VIGIL, 2006, p. 19)

 

 

Devido a isso, faz-se necessário reconhecer o valor do pluralismo e a riqueza da diversidade religiosa, só assim é possível superar o autoritarismo dogmático, abrindo-se ao diálogo. O cristianismo precisa encontra um ponto de equilíbrio entre a revelação cristã e a existência das outras religiões.

 

Embora as religiões se caracterizem por sua função salvífica e humanizante, é conhecida pelo mundo afora a ocorrência de grandes conflitos justificados com motivações de ordem religiosa pelos mais diversos interesses. (VIGIL, 2006, p. 20)

 

            A violência sempre esteve presente nas práticas religiosas, no entanto, essa não é a essência da religião, o que move a religião é a convivência harmônica entre as pessoas que a praticam, a história tem mostrado o papel importante que a religião desempenha na sociedade, promovendo à ética, moral e empatia pelas pessoas. Porém ao tentar ironizar ou diminuir a religião alheia, se cria obstáculos para se estabelecer o diálogo. Portanto o principal desafio da religião é superação da violência e a construção de uma cultura de paz na sociedade. Para isso é preciso construir um teologia do dialogo “onde intervém a dimensão espiritual e a experiência interior que comporta todas as religiões” (VIGIL, 2006, p.39 ). Onde a intimidade com a transcendente se sobressaia a qualquer forma de dogmatismo e indiferentismo, relativizando a religião e enfatizando a experiência pessoal com o mistério do divino.

 

Referências bibliográficas:

 VIGIL, José Maria. Teologia do pluralismo religioso: para uma leitura pluralista do cristianismo. São Paulo: Paulus, 2006


<https://www.youtube.com/watch?v=-UUB5DW_mnM&feature=youtu.be> Acesso em dia 11 de maio às 22:30

<https://www.youtube.com/watch?v=WLYZmfJXEDY&feature=youtu.be> Acesso em 11 de maio às 21:00

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