segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Nicolau Maquiavel nasceu no dia 3 de maio de 1469 em Florença, iniciou sua vida pública servindo a chancelaria da república Florentina em 1498, como funcionário do mais alto escalão, atuando em funções burocráticas, como assessor político e na diplomacia; perde seu cargo dado a derrubada da republica pela família Médici, que restabelece a monarquia. Maquiavel é preso, torturado e acusado de conspirador, fica impedido de acessa qualquer documento público. Perdoado pelo papa Leão X, e expulso da vida pública, passa a viver em prisão domiciliar nos arredores de Florência na região da Toscana Itália, onde passou a escrever suas obras; a mais famosa delas "O Príncipe" tornou-se um dos livros mais debatidos do ocidente, sendo escrito em 1513 e oferecido ao então príncipe de Florência, Lourenço Médici, o mesmo ignora a obra que só é descoberta vários anos depois em uma reforma realizada no palácio Médici. O livro é publicado postumamente em 1532, cinco anos após a morte de Maquiavel, que morre em 1527, ou seja, o autor em vida nunca teve o prazer de saber quão grande repercussão sua obra fez e continua fazendo até hoje.
O livro equivale a vinte e seis capítulos curtos de analise e tem a intenção nada modesta de ensinar como o príncipe deve governar, ou seja, Maquiavel escreve um manual para o bom governante, com opiniões que vão desde a classificação dos governos até a seleção de pessoal. Estando muito familiarizado com a ambigüidade moral do poder e sendo muito realista, cria algo que até aquele momento não existia; o estado-nação. Assim como os políticos de hoje, Maquiavel justifica medidas desagradáveis e fraudulentas como necessárias para o bem comum. O príncipe bom não necessariamente é um homem bom, pois muitas vezes é forçado a agir desrespeitando a boa fé a caridade e a religião. Segundo Maquiavel o príncipe precisa estudar sobre a guerra e preferir ser temido, que ser amado, para isso é necessário aprender como e quando ser cruel. È claro que não se deve deseja a violência, mais nem sempre quando se agir com boas intenções os resultados são bons. O livro tem como foco principal a manutenção do poder, mostrando com objetividade os resultados em detrimento dos meios.
A demonização de Maquiavel vem logo após sua morte, num período entre 1530 e 1540, em que a contestação das religiões estava no seu auge, e ambos os lados virão o demônio em Maquiavel. Seu nome e sua região de origem passaram a ser associados à maldade. Pois estimulou-se o estigma de que tudo que fosse italiano do sul e católico era de alguma forma Maquiavélico, palavra essa que virou sinônimo de esperteza, de pessoa ardilosa, demoníaca, ou seja, um símbolo da maldade, de certa forma Maquiavel foi colocado no “inferno” após sua morte. È importante ressalta que para os seus contemporâneos, Maquiavel nunca foi visto como maquiavélico, esse estigma só veio após sua morte dada à repercussão da obra. Esta bastante difundida na Inglaterra e muito representada em teatros durante todo o século XVI, com inúmeras peças, sendo todas vinculando o nome Maquiavel ao mal.
Maquiavel é o primeiro pensador político da ética cristã que analisou sistematicamente as condições necessárias para se manter no poder. O Príncipe é um livro sobre o poder, e foi escrito num período de grande instabilidade política, onde o sistema medieval está desmoronando e a idéia de que o homem é senhor do seu próprio destino começa a ganhar força, é o início do renascimento. Nesse período exércitos mercenários caracterizavam o sistema militar de grande parte da Europa, a Itália renascentista se encontrava dividida numa anarquia de cidades-estados, com grande alternância entre os seus governantes; príncipes e papas desfaziam alianças constantemente, assassinatos, orgias no vaticano, este era o mundo de Maquiavel, a separação entre política e religião torna-se um tema importante, que ganhar força em sua obra.
A tradição do mundo clássico, tanto em Platão como em Aristóteles defendia um regime ideal que serviria de estrela polar para se pensar a política no tempo presente, já a corrente cristã afirma que o homem tende ao bem, procura e deseja o bem e se essa for à tendência natural dos homens, a política deveria seguir a mesma tendência, segundo a tradição cristã a ética deveria esta repartida sobre a política. Maquiavel vai se opor a essas duas grandes estruturas, afirmando que “dos homens em geral podemos dizer o seguinte, que eles são volúveis, ingratos, simuladores, inimigos do perigo”. Os homens não se acomodam a paz, os homens desejam o conflito e são naturalmente divididos. Portanto não existe campo político sem a dimensão da força. Mesmo sem contesta os dogmas essenciais da fé católica, seu livro, pois os dogmas de lado quando foi pensar e falar em política. O esforço de Maquiavel é a desregulamentação do universo cristão e do universo antigo, se contrapondo tanto a idéia de regime ideal, quanto à idéia das virtudes cristã, seu método rompe com a tradição medieval ao fundamentar-se no empirismo e na analise dos fatos recorrendo à experiência histórica de Roma antiga.
O conceito de natureza humana para Maquiavel afirma que o homem é um ser ambicioso e que não satisfação absoluta na vida humana. A natureza humana é má, o homem é um ser egoísta e interesseiro, antes de qualquer coisa, pensa no seu lado, almeja a glória e a riqueza. Os homens são maus por essência e bons por necessidade, “o homem que queira professar o bem por toda parte é natural que se arruíne entre tantos que não são bons”. Maquiavel se refere ao mundo real, onde as pessoas são egoístas e cheias de imperfeições, onde os homens ficam mais tristes com a perda do patrimônio do que com a morte do pai. Esse é o mundo que é não o mundo do dever ser.
Diferente do mundo ideal ou do dever ser, onde tudo justo, fraterno, bonito. O mundo real não é um mar de rosas, e é nesse mundo real que o governante vai governa. “O príncipe deve amar o país mais do que a própria alma e está preparado para ir ao inferno por isso”. Maquiavel não ensina o caminho para o céu, ao contrário, mostra o caminho do inferno, para que o homem possa desvia quando possível. As conclusões do livro “o príncipe” são questões dolorosas sobre a política, e mostra como lógica política é inconciliável com a lógica cristã. Para muitos o livro é um verdadeiro guia para tiranos e totalitários, já outros afirmam que Maquiavel abriu espaço para tolerância ética e religiosa, direitos individuais e democracias modernas.
O governante deve ser bom sempre que possível e sempre que necessário, “tendo o príncipe necessidade de saber usar bem a natureza do animal, deve escolher a raposa e o leão, pois o leão não sabe se defender das armadilhas e a raposa não sabe se defender da força bruta dos lobos. Portanto é preciso ser raposa, para conhecer as armadilhas e leão, para aterrorizar os lobos” . As principais qualidades aconselhadas ao soberano dizem respeito ao seu espírito: Ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso. Ainda assim Maquiavel reconhece que muitas vezes para se preserva o estado, será preciso e de encontro a todas essas qualidades, ou seja, a noção de necessidade poder justificar um comportamento que não seja virtuoso ou moral. O príncipe deve ser um ator político, pode não manter a palavra, não ser humano, devoto, de família, dependendo das circunstâncias. Porém deve parecer ser todas essas coisas. “As pessoas julgam pelos olhos como espectador” poucas pessoas conhecem o caráter do governante, o mundo ver o que o governante parece ser a aparência é muito mais importante que a realidade.
O livro mostra que “a diferença entre o modo como se deve viver e como se vivi é tão grande que o homem que ignora o que é feito realmente e se orienta pelo que “deve” ser feito, está a caminho da autodestruição”. Mesmo nunca escrevendo a famosa frase “os fins justificam os meios”, Maquiavel deixa claro em sua obra que os fins é o que importa. “Os homens têm menos têm menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do que quem se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são egoístas; mas o temor é mantido pelo medo do castigo que nunca falha.” Para Maquiavel os principais fundamentos de cada estado são boas leis e boas armas, por que você não pode ter boas leis sem boas armas e onde existem boas armas, boas leis inevitavelmente existiram. Nenhum governo pode adotar um comportamento seguro sem o uso da força, toda vez que alguém tenta escapar de um perigo, corre em direção a outro maior. Prudência consiste em ser capaz de avaliar a natureza de uma ameaça e escolher o mal menor.
A conquista de território também é um tema importante para Maquiavel, que define medidas estratégicas a ser tomada pelo governante, com fazer com que a linhagem do antigo príncipe seja extinta; não alterar nem suas leis nem seus impostos, sugere ainda, que quem se encontre á frente, de uma província diferente, deve tornar-se chefe e defensor dos menos fortes tratando de enfraquecer os poderosos e cuidando que em hipótese alguma nela penetre um forasteiro tão forte quanto o conquistador, pois a ordem das coisas é que, tão logo um estrangeiro poderoso penetre numa província, todos aqueles que nela são mais fracos, mudem de lado, movidos pela inveja contra quem se tornou poderoso em seu território. Maquiavel ainda lista alguns erros que não devem ser cometidos, como eliminar os fracos, da prestigio ao poderosos, colocar um estrangeiro poderoso no comando, não vim habitar no pais conquistado, não instalou colônias em suas proximidades. “Quem é causa do poderio de alguém se arruína por que esse poder resulta ou da astúcia ou da força e ambas são suspeitas para aquele que tornou poderoso”.
Por fim a obra de Maquiavel ganhou varias interpretações, como conselheiro do povo, nacionalista, absolutista e até mesmo republicano. Para muitos é nessa obra que nasce o realismo político, o livro é escrito em um gênero literário de transmissão de valores chamado de espelho dos príncipes, onde ensina o príncipe a governar pela grandeza o estado. O nome Maquiavel ecoou e continuara ecoando ainda por muitos séculos.

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