quarta-feira, 23 de abril de 2014

resenha do livro Hans Staden duas viagens ao brasil

O livro conta as duas viagens feitas por Hans Staden ao Brasil, a obra é um dos primeiros Best-sellers sobre o novo mundo e retrata a epopeia do alemão que foi capturado pelos tupinambás e viveu entre os índios, em um continente recém-descoberto, as aventuras e perigos vividos por Hans no novo mundo, nos da uma boa base para compreendermos o que se passava no Brasil em seus primeiros anos após o descobrimento. A então colônia de Portugal encontra-se dividida em capitanias hereditárias, as mesmas eram constantemente ocupadas por tribos indígenas, que guerreavam entre si e costumavam se aliar aos colonizadores e com a ajuda deles combater seus desafetos, os tupinambás, por exemplo, eram inimigos dos portugueses e aliados dos franceses, já os tupiniquins ao contrário eram inimigos dos tupinambás e aliados dos portugueses, no entanto essas duas tribos eram antropofágicas, ou seja, comiam carne humana. É nesse contexto que Hans é capturado e mantido cativo pelos tupinambás, por não compreender os costumes daquela tribo, ao ser capturado Hans pensou que estava sendo levado direto para morte, no entanto ele foi dado de presente a outros índios em sinal de amizade. Ao ser capturado as mulheres da tribo o conduziram com uma corda no pescoço para o ritual do pocaré que significa dança. O alemão vivia aterrorizado, pois constantemente via um homem ser capturado morto e comido pelos selvagens. Independentemente do que veio a lhe acontecer, Hans sabia o risco que corria ao anda por aquelas terras, pois a fama do guerreiro tupinambá Cunhambebe, famoso por seus ataque e violência, além do seu gosto pela carne humana, já era conhecida. Mesmo assim, o inevitável aconteceu, Hans foi capturado, porém por ser loiro e de pele clara, diferente dos portugueses que tinha cabelo e barbas pretas, o levaram para ser mostrado às crianças, mulheres e velhos. Durante o trajeto já era mordiscado pelos os selvagens, que já iam saboreando sua carne, colocaram-no em frente a cabana onde se encontrava os ídolos, chamado pelos selvagens de maracás, e formaram um círculo em sua volta, duas mulheres amarraram nele alguns chocalhos em uma perna e atrás do pescoço. Então iniciaram a dança de maneira que o alemão deveria bater no chão com o a perna onde estavam amarrados os chocalhos, para que o ruído de adequasse ao ritmo do canto que as mulheres realizavam em sua volta. Após essa dança Hans foi entregue a um selvagem com nome de Ipiru-guaçu, e lhe foi apresentado todos os ídolos existentes na cabana, os selvagens lhes falaram que seus ídolos, haviam profetizado que seria capturado um português. Foi nesse momento que o alemão encontrou oportunidade para se defender, pois não era português, e sim alemão, aproveitou também para afirmar que era amigo e parente dos franceses, pois sabia que os tupinambás tinham como seus inimigos os tupiniquins e os portugueses, porem os franceses eram seus aliados e com eles praticavam o escambo, e os recebiam como amigos da mesma forma com que recebiam os pajés de outras tribos.
Para escapar da morte eminente, Hans aprendeu os costumes dos selvagens, observou seus ritos, suas crenças, medos e superstições, suas rotinas e hábitos. E usou tudo isso a seu favor, como a única arma que possuía para escapar, das mãos dos selvagens. O alemão observou que na sociedade indígena não havia lei ou governo, todos tinham a mesma autoridade e direitos, sendo o mais respeitado aquele com maiores glórias de guerra. O alimento vinha da caça, pesca e colheita, as vezes também provinha de alguns inimigos que os selvagens capturavam, os mais velhos era obedecidos, e as mulheres eram valorizadas, pois trabalhavam mais que os homens: Na preparação de comidas,bebidas, vasilhames, redes, cuidados com os filhos, plantação, entre outras funções que lhes eram atribuídas. Não existia acumulo de riqueza, exceto as penas de pássaros e os cristais que utilizavam nos lábios. Também eram bastante hospitaleiros com seus amigos, ou com os pajés, mesmo se este fosse de uma tribo inimiga, pois havia grande respeito, pela figura religiosa.
            A importância do livro está no fato de Hans ter presenciado e experimentado toda cultura tupinambá, e aprendido seus costumes. Por sua vez os selvagens também absolveram a cultura do alemão. Isso fica evidenciado em todo o livro, pois a todo o momento Hans clama por seu Deus, que segundo ele, nunca o deixou desamparado, ali em meio aos selvagens nos momentos mais difíceis ele se apegava a sua fé no Deus todo poderoso. E passava um dia após outro e cada dia era vivido como se fosse o último, por isso se apegava tanto a sua fé, pois poderia até perde seu corpo e ser morto pelos selvagens, mais não a sua alma. Imagine em pleno século XVI um europeu ser capturado, por um aborígine chamado Nhaepepô-açu, “Panela Grande”, e depois ser dado de presente a outro selvagem de nome Ipirú-guaçu, o “tubarão grande”, só restava a ele chamar por Deus.
‘           Hans a todo momento afirmava que não era português para os selvagens, mais foi desmascarado pelos selvagens, quando lhe colocaram frente a frente com um francês, e Hans não compreendeu seu idioma. O mesmo francês fala para os selvagens que esse mal sujeito é um verdadeiro português, portanto seu inimigo. Hans entende essa parte da conversa e pensa que agora sua morte tinha acabado de ser decretada. Então os selvagens começam a reuni as coisas e confecciona os adereços para a festa que iriam fazer para comê-lo. Hans aprende todo o ritual por qual ira passa antes de morre: O que vai matá-lo diz: estou aqui quero matá-lo porque sua gente também matou e comeu muitos nossos. O prisioneiro responde tem muitos amigos que saberão me vingar quando eu morrer, eles golpeia o prisioneiro de forma que o cérebro jorre. Imediatamente lhe jogam na fogueira para depois arranca sua pele. Após isso eles vão dividindo os pedaços entre sim. O que matou o prisioneiro ganha mais um nome e o chefe da tribo lhe faz uma incisão com dente de um animal selvagem na parte superior dos braços. Antes que Hans fosse comido muitos selvagens começaram a adoecer, e com o medo de morrer, solicitaram a ajudar do alemão para curá-los, foi nessa oportunidade que Hans se apegou para se salva, fazendo com que os selvagens prometessem que não mais iriam comê-lo se seu Deus o cura-se. Foi aí que passou a ser visto como figura religiosa, e foi mantido vivo, até consegui ser finamente resgatado pelos franceses.

O aspecto histórico do livro se por não ser um simples relato de viagem cheio de mentiras de animais fantásticos que as pessoas estavam cansadas de ouvir, é um livro que mostra uma visão nunca antes mostrada sobre a America, a visão do bárbaro, com a lente de uma pessoa que estava lá, retrata as armas, comidas, danças, coisas palpáveis a imaginação de quem o ler, por tudo isso se tornou um as aventuras de Hans Staden se tornou um Best-seller mundial e continua até hoje encantando quem o ler. 

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