terça-feira, 29 de abril de 2014

Inconfidência Mineira de 1789

            A inconfidência mineira foi uma rebelião separatista, pois tinha como objetivo principal separa o Brasil de Portugal. Até então, as revoltas que ocorriam na colônia tinham como propósito apenas solucionar problemas pontuais, ou seja, limitava-se a contestar este ou aquele imposto ou determinado abuso metropolitano. Eram rebeliões isoladas que contestavam medidas metropolitanas contrárias aos colonos nativos de uma ou outra região, sem reivindicarem a independência. Essas revoltas ficaram conhecidas como rebeliões nativistas. Somente nas últimas décadas do século XVIII é que surgiram as primeiras rebeliões separatistas, essas sim com um caráter de libertação. As mesmas mostraram-se possuidoras de uma consciência nacional e buscaram a emancipação da colônia. Dentre elas podemos destaca a inconfidência mineira, que teve inicio em Minas gerais no ano de 1789, pela insatisfação da população que pagava altos impostos.
Liderada por elementos das altas camadas sociais de vila rica e sobre forte influência de acontecimentos históricos do período como a independência dos Estados Unidos, em 1776, e o inicio da Revolução Francesa em 1789. Planejou-se uma revolta contra a política econômica de Portugal. Em sua maioria, os participantes da revolta eram figuras de destaque da sociedade mineira, como o advogado e minerador Inácio José de Alvarenga Peixoto, os coronéis Francisco de Paula Freire de Andrade e Francisco Antônio de oliveira Lopes, entre outros. Contudo, o participante do movimento que ficou mais conhecido era o que não fazia parte da elite mineira. Seu nome era Joaquim José da silva Xavier, que tinha o apelido de Tiradentes. Os revoltos pretendiam proclamar a independência em relação a Portugal e usavam o lema “Liberdade, ainda que tardia”, inscrito na bandeira do movimento. A inconfidência mineira, como ficou conhecida, tinha como principais objetivos: criar uma universidade em Vila Rica, incentiva a instalação de manufaturas em diversas regiões do Brasil e proclamar a república. Alguns integrantes divergiam em alguns pontos como a libertação imediata dos cativos, pois muitos eram contra, pois queriam a independência, mais sem reformas sociais que poderiam acabar com seus privilégios.
Muitos foram os motivos que motivaram a inconfidência mineira, mais alguns foram decisivos. Como quando o então governador da região o Visconde de Barbacena (Luis Antônio Furtado de Mendonça) recebeu ordens expressas para estabelecer a derrama, ou seja, a cobrança de 100 arrobas anuais, que teriam que ser pagas por todos os habitantes da capitania de Minas Gerais. Além da tributação, outras medidas metropolitanas descontentavam os colonos: a violência dos soldados portugueses, o controle na divulgação de ideias, com a proibição de impressa de jornais elivros na colônia, e o fato de os cargos administrativos importantes serem ocupados só por portugueses. Também prejudicava os colonos uma lei de 1785, baixada pela rainha Dona Maria I, que proibia a produção na colônia de tecidos, calçados, ferramentas, sabão e outras manufaturas, obrigando os colonos a importar tudo de Portugal, a preços absurdos. Outro fato determinante para a rebelião foi o quinto, ou seja, uma cobrança   de vinte por cento de todo o ouro encontrado na região das Minas Gerais. Vale ressalta que houve uma diminuição acentuada do ouro extraído da região da minas, devido a grande intensidade da exploração. Então fica fácil perceber que essa conta não fecha, pois não houve diminuição nas cobranças realizada pelas autoridades, pelo contrário a cobrança de impostos foi intensificada e quem não conseguisse pagar teria que cumprir as exigências feitas com a tomada de seus pertences até completar o valor devido. Essa cobrança seria feita pelos soldados da coroa que entravam nas residências, a mesma foi chamada de derrama.
                        Os participantes do movimento decidiram que a revolta ocorreria quando começa-se a cobrança da derrama. Eles prenderiam o governador e iniciariam a luta pela libertação. Tiradentes ficaria responsável em ir ao Rio de Janeiro para obter apoio popular, armas e munição. Em meio a toda essa tensão o governador da região o Visconde de Barbacena, ordenou uma derrama, pois a dívida colonial já era bem superior a 5000 quilos de ouro. Esse fato alarmou a população de minas Gerais, estimulando a conspiração contra Portugal. Desconfiado da eminente revolta o governador visconde de Barbacena comunica suas suspeitas ao vice-rei Luís de Vasconcelos e Souza no Rio de Janeiro, a devassa é instaurada para apuração dos fatos ocorridos. E a rebelião não chega a se concretizar, pois a conspiração foi denunciada por alguns de seus integrantes, em troca do perdão de suas dividas, alguns traíram o movimento, entregando ao governador o plano da revolta com o nome de todos os participantes. Entre os traidores estava o tenente-coronel Joaquim Silvério dos reis.
Por fim todos os integrantes do grupo dos inconfidentes foram presos e interrogados. Durante o interrogatório os mesmos negaram qualquer envolvimento na conspiração e muitos entregaram seus companheiros. No ano de 1790 no mês de janeiro Tiradentes resolve assumir sozinho toda a culpa, em consequência disso recebeu a maior punição, sendo enforcado em 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro, por determinação da rainha de Portugal, D. Maria I, também conhecida como Maria Louca. Seu corpo foi esquartejado e os pedaços distribuídos pelas cidades onde estivera buscando o apoio popular. Tentava-se com isso intimidar os colonos e evitar novas rebeliões. A casa em que morava foi destruída e sobre a terra jogou-se sal, para que nem plantas ali crescessem.
            Portanto, podemos afirmar que a Inconfidência Mineira, foi um dos movimentos separatistas que serviram como base, para se pensa no Brasil como nação, criando no imaginário popular a ideia de liberdade, o que culminaria posteriormente em 7 de setembro 1822 com a sua independência do Brasil.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PILETTI, Nelson e PILETTE, Claudino. História e Vida Integrada. São Paulo: Ática 2002.
VICENTINO, Cláudio. História memória viva. Brasil Período Colonial e Independência.  6ª ed. São Paulo. 1995.
CAMPOS, de Flávio e MIRANDA, Renan Garcia. A escrita da história: ensino médio. 1ed. São Paulo: Escala Educacional, 2005.

http://www.sohistoria.com.br/ef2/inconfidencia/ Acessado em 26.04.2014às 20hs e 15min.
 Conjuração Baiana – 1798
               
  A conjuração Baiana foi a mais popular das rebeliões coloniais, motivada por um grande descontentamento popular, pois a maioria da população reclamava da falta de gêneros alimentícios e outros produtos essenciais, bem como de seus altos preços. Além disso, os soldados clamavam por melhores salários. Diferente da inconfidência mineira, a conjuração Baiana uma ampla participação de pessoas do povo, como sapateiros, ex-escravos, soldados e vários alfaiates, motivo pelo qual ficou conhecida também como “Rebelião dos Alfaiates”. Participaram dela também padres e profissionais liberais, como advogados e médicos.
                Desde a transferência da capital para Rio de Janeiro, em 1763, Salvador passou a viver um período de grande decadência. As dificuldades econômicas eram muitas, acarretando miséria à população, os tributos impostos por Portugal eram considerados abusivos, o que aumentava e muito a insatisfação popular com a metrópole. Juntando-se a isso, crescia o desejo e a propagação dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade; advindos da Europa e Estados Unidos, chegavam à Bahia, incentivando a população a se rebelar contra Portugal. Assim começou o movimento que seria conhecido como conjuração Baiana.
                As ideias revolucionárias eram discutidas em encontros secretos realizados por uma sociedade secreta conhecida como cavaleiros da luz. Nessas reuniões se planejava a rebelião contra a dominação portuguesa, e se discutia ainda a proclamação de um governo democrático, republicano e livre da metrópole portuguesa. Outras pautas da reuniam eram o aumento de salários dos soldados, o fim da escravidão e do preconceito contra mulatos e negros.
                No dia 12 de agosto de 1798, salvador amanheceu repleta de cartazes afixados nas casas, nos muros, nos portes, proclamando o inicio da rebelião. Esses cartazes chamavam as pessoas para um movimento em favor da república, da liberdade e igualdade entre os seres humanos. Porém assim como na Inconfidência Mineira a Conjuração Baiana também teve um delator, seu nome era José da Veiga, o mesmo contou ao governador a hora, o dia e o local em que seria realizada a reunião que daria início à revolta. A rebelião foi frustrada numa ação rápida organizada pelo governador da Bahia Dom Fernando José de Portugal e Castro, que prendeu alguns lideres, os enforcou e esquartejou seus restos pela cidade de Salvador. No entanto muitos revoltosos foram avisados a tempo de escapa, boa parte dos que fugiram pertenciam a sociedade secreta. As forças do governo prenderam quarenta e nove pessoas entre elas, estavam nove escravos e três mulheres. Apenas quatro revoltosos foram condenados a morte e enforcados: os alfaiates João de Deus do nascimento e Manuel Faustino dos Santos, e os soldados Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas de Amorim Torres. Outras pessoas que apoiavam o movimento sofreram penas menores, como prisão e exílio.
                Apesar do aparente fracasso as rebeliões colônias, deixavam evidenciada a impossibilidade de se manter o Brasil explorado e preso a Portugal. A população estava amadurecendo para se tornar uma nação independente e o sistema colonial estava agonizando progressivamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PILETTI, Nelson e PILETTE, Claudino. História e Vida Integrada. São Paulo: Ática 2002.
VICENTINO, Cláudio. História memória viva. Brasil Período Colonial e Independência.  6ª ed. São Paulo. 1995.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

resenha do livro Hans Staden duas viagens ao brasil

O livro conta as duas viagens feitas por Hans Staden ao Brasil, a obra é um dos primeiros Best-sellers sobre o novo mundo e retrata a epopeia do alemão que foi capturado pelos tupinambás e viveu entre os índios, em um continente recém-descoberto, as aventuras e perigos vividos por Hans no novo mundo, nos da uma boa base para compreendermos o que se passava no Brasil em seus primeiros anos após o descobrimento. A então colônia de Portugal encontra-se dividida em capitanias hereditárias, as mesmas eram constantemente ocupadas por tribos indígenas, que guerreavam entre si e costumavam se aliar aos colonizadores e com a ajuda deles combater seus desafetos, os tupinambás, por exemplo, eram inimigos dos portugueses e aliados dos franceses, já os tupiniquins ao contrário eram inimigos dos tupinambás e aliados dos portugueses, no entanto essas duas tribos eram antropofágicas, ou seja, comiam carne humana. É nesse contexto que Hans é capturado e mantido cativo pelos tupinambás, por não compreender os costumes daquela tribo, ao ser capturado Hans pensou que estava sendo levado direto para morte, no entanto ele foi dado de presente a outros índios em sinal de amizade. Ao ser capturado as mulheres da tribo o conduziram com uma corda no pescoço para o ritual do pocaré que significa dança. O alemão vivia aterrorizado, pois constantemente via um homem ser capturado morto e comido pelos selvagens. Independentemente do que veio a lhe acontecer, Hans sabia o risco que corria ao anda por aquelas terras, pois a fama do guerreiro tupinambá Cunhambebe, famoso por seus ataque e violência, além do seu gosto pela carne humana, já era conhecida. Mesmo assim, o inevitável aconteceu, Hans foi capturado, porém por ser loiro e de pele clara, diferente dos portugueses que tinha cabelo e barbas pretas, o levaram para ser mostrado às crianças, mulheres e velhos. Durante o trajeto já era mordiscado pelos os selvagens, que já iam saboreando sua carne, colocaram-no em frente a cabana onde se encontrava os ídolos, chamado pelos selvagens de maracás, e formaram um círculo em sua volta, duas mulheres amarraram nele alguns chocalhos em uma perna e atrás do pescoço. Então iniciaram a dança de maneira que o alemão deveria bater no chão com o a perna onde estavam amarrados os chocalhos, para que o ruído de adequasse ao ritmo do canto que as mulheres realizavam em sua volta. Após essa dança Hans foi entregue a um selvagem com nome de Ipiru-guaçu, e lhe foi apresentado todos os ídolos existentes na cabana, os selvagens lhes falaram que seus ídolos, haviam profetizado que seria capturado um português. Foi nesse momento que o alemão encontrou oportunidade para se defender, pois não era português, e sim alemão, aproveitou também para afirmar que era amigo e parente dos franceses, pois sabia que os tupinambás tinham como seus inimigos os tupiniquins e os portugueses, porem os franceses eram seus aliados e com eles praticavam o escambo, e os recebiam como amigos da mesma forma com que recebiam os pajés de outras tribos.
Para escapar da morte eminente, Hans aprendeu os costumes dos selvagens, observou seus ritos, suas crenças, medos e superstições, suas rotinas e hábitos. E usou tudo isso a seu favor, como a única arma que possuía para escapar, das mãos dos selvagens. O alemão observou que na sociedade indígena não havia lei ou governo, todos tinham a mesma autoridade e direitos, sendo o mais respeitado aquele com maiores glórias de guerra. O alimento vinha da caça, pesca e colheita, as vezes também provinha de alguns inimigos que os selvagens capturavam, os mais velhos era obedecidos, e as mulheres eram valorizadas, pois trabalhavam mais que os homens: Na preparação de comidas,bebidas, vasilhames, redes, cuidados com os filhos, plantação, entre outras funções que lhes eram atribuídas. Não existia acumulo de riqueza, exceto as penas de pássaros e os cristais que utilizavam nos lábios. Também eram bastante hospitaleiros com seus amigos, ou com os pajés, mesmo se este fosse de uma tribo inimiga, pois havia grande respeito, pela figura religiosa.
            A importância do livro está no fato de Hans ter presenciado e experimentado toda cultura tupinambá, e aprendido seus costumes. Por sua vez os selvagens também absolveram a cultura do alemão. Isso fica evidenciado em todo o livro, pois a todo o momento Hans clama por seu Deus, que segundo ele, nunca o deixou desamparado, ali em meio aos selvagens nos momentos mais difíceis ele se apegava a sua fé no Deus todo poderoso. E passava um dia após outro e cada dia era vivido como se fosse o último, por isso se apegava tanto a sua fé, pois poderia até perde seu corpo e ser morto pelos selvagens, mais não a sua alma. Imagine em pleno século XVI um europeu ser capturado, por um aborígine chamado Nhaepepô-açu, “Panela Grande”, e depois ser dado de presente a outro selvagem de nome Ipirú-guaçu, o “tubarão grande”, só restava a ele chamar por Deus.
‘           Hans a todo momento afirmava que não era português para os selvagens, mais foi desmascarado pelos selvagens, quando lhe colocaram frente a frente com um francês, e Hans não compreendeu seu idioma. O mesmo francês fala para os selvagens que esse mal sujeito é um verdadeiro português, portanto seu inimigo. Hans entende essa parte da conversa e pensa que agora sua morte tinha acabado de ser decretada. Então os selvagens começam a reuni as coisas e confecciona os adereços para a festa que iriam fazer para comê-lo. Hans aprende todo o ritual por qual ira passa antes de morre: O que vai matá-lo diz: estou aqui quero matá-lo porque sua gente também matou e comeu muitos nossos. O prisioneiro responde tem muitos amigos que saberão me vingar quando eu morrer, eles golpeia o prisioneiro de forma que o cérebro jorre. Imediatamente lhe jogam na fogueira para depois arranca sua pele. Após isso eles vão dividindo os pedaços entre sim. O que matou o prisioneiro ganha mais um nome e o chefe da tribo lhe faz uma incisão com dente de um animal selvagem na parte superior dos braços. Antes que Hans fosse comido muitos selvagens começaram a adoecer, e com o medo de morrer, solicitaram a ajudar do alemão para curá-los, foi nessa oportunidade que Hans se apegou para se salva, fazendo com que os selvagens prometessem que não mais iriam comê-lo se seu Deus o cura-se. Foi aí que passou a ser visto como figura religiosa, e foi mantido vivo, até consegui ser finamente resgatado pelos franceses.

O aspecto histórico do livro se por não ser um simples relato de viagem cheio de mentiras de animais fantásticos que as pessoas estavam cansadas de ouvir, é um livro que mostra uma visão nunca antes mostrada sobre a America, a visão do bárbaro, com a lente de uma pessoa que estava lá, retrata as armas, comidas, danças, coisas palpáveis a imaginação de quem o ler, por tudo isso se tornou um as aventuras de Hans Staden se tornou um Best-seller mundial e continua até hoje encantando quem o ler.