sábado, 31 de dezembro de 2011

Mar morto



As noites de luar no cais são feitas para o amor, são nessas noites que se escutam gritos agudos de prazer e dor. Grito de um animal ferido, que ama como se fosse a ultima vez, para as mulheres que vivem com homens do mar o amor tem gosto de saudade. “Desgraçado é o destino da mulher que vai com um homem do mar, sorte boa não terá, infeliz destino é o seu, os seus olhos não pararão jamais de chorar. O mar é livre, mas aprisiona com correntes todas as pessoas que vivem dele. É belo e ao mesmo tempo terrível, pois morre de inveja da felicidade dos homens, desconta nas pessoas o amargo da sua infelicidade, da sua eterna solidão. E torna desgraçado o destino de quem depende dele para viver, aprisio-  nando os homens e suas almas.                                                                                            A cada partida, nunca um thão! Nem até logo, sempre um adeus! Cada momento é vivido e sentido como se fosse o último. E realmente podia ser o último suspiro, o último beijo, a última carícia, em instantes tudo pode acaba. Para quem se vai a sensação diferente e única, uma espécie de medo e desejo de encontrar Iemanjá e toca nos seus lindos cabelos, nem que fosse só uma única vez,  nem que pra isso tenha que anda sempre lado a lado abraçado com a morte. Não se sabe de um homem do mar que tenha envelhecido no seu saveiro ou na sua canoa; todos morrem no mar. Iemanjá tem ciúmes, então desencadeia as tempestades, que só são acalmadas com flores, presentes, oferendas. O mar pode ser muito cruel, quantas mulheres choraram, ascenderam velas implorando a Deus, por um milagre que não acontecia por uma volta que não vinha por isso insoso, por isso salgado, por isso morto.





Mucuripe

AS VELAS DO MUCURIPE
VÃO SAIR PARA PESCAR
VOU LEVAR AS MINHAS MÁGOAS
PRÁS ÁGUAS FUNDAS DO MAR
HOJE À NOITE NAMORAR
SEM TER MEDO DA SAUDADE                                                                                SEM VONTADE
DE CASAR                                                                                             CALÇA NOVA DE RISCADO
PALETÓ DE LINHO BRANCO
QUE ATÉ O MÊS PASSADO
LÁ NO CAMPO AINDA ERA FLÔR
SOB O MEU CHAPÉU QUEBRADO
O SORRISO INGÊNUO E FRANCO
DE UM RAPAZ NOVO ENCANTADO
AQUELA ESTRELA É DELA                                                                                         VIDA VENTO VELA LEVA-ME DAQUI


Composição: Fagner e Belchior